quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Sorria

Sorria


Uma vez tive que sofrer
Sofri
O silencio, o alheamento, a solidão,
Os olhos dos outros
Fitando ponta distante,

Bem perto de mim.
Doeu tive que sentir.
Sentir a dor,
Coisa como levasse aminha alma
Para bem distante,
Deixando-me por dentro uma ausência total.
Aprendi muitas vezes,
Tive que chorar,
Chorei as lágrimas,
A rasgar-me o peito,
Descendo pelo rosto como se fosse minha vida,
Quisesse o invadir-se pelos olhos cansados e molhados.
Colhi um sorriso,
Que passava pelo rosto
Do menino sujo de poeira de rua,
Colhi, confiei, amei.
Teve uma vez que odiar
Era o orgulho eloqüente
A gritar-me recriminações
O desprezo dizendo-me frase imperativa.
O não na minha palavra,
Os olhos sangrados de fantasmas
Com garras enormes
Era o meu eu disforme o meu monstro acordado,
Mas não odiei,
E de tudo me restou
O sorriso limpo do menino
Sujo de poeira da rua
Ele me acompanha como um passarinho
Manso pela vida fora
Vez tem jeito de flor
Vez tem gosto de aurora.
E por isso talvez que eu sempre
Sorrio e digo a você que também sorria
Porque o sofrimento, a dor, o não ódio,
Sobre tudo o amor
Deixam sempre um saldo positivo
De grande alegria.
Tudo isto e o que acho da “Ilia”


Marcia Queiroz

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